sexta-feira, 18 de setembro de 2009

UM POUCO DA TEORIA DOS PRINCIPAIS PENSADORES

A ABORDAGEM DE HENRI WALLON

A GÊNESE DA INTELIGÊNCIA PARA WALLON É GENÉTICA E ORGANICAMENTE SOCIAL, OU SEJA, "O SER HUMANO É ORGANICAMENTE SOCIAL E SUA ESTRUTURA ORGÂNICA SUPÕE A INTERVENÇÃO DA CULTURA PARA SE ATUALIZAR" (DANTAS, 1992). NESSE SENTIDO, A TEORIA DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DE WALLON É CENTRADA NA PSICOGÊNESE DA PESSOA COMPLETA.
HENRI WALLON RECONSTRUIU O SEU MODELO DE ANÁLISE AO PENSAR NO DESENVOLVIMENTO HUMANO, ESTUDANDO-O A PARTIR DO DESENVOLVIMENTO PSÍQUICO DA CRIANÇA. ASSIM, O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA APARECE DESCONTÍNUO, MARCADO POR CONTRADIÇÕES E CONFLITOS, RESULTADO DA MATURAÇÃO E DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS, PROVOCANDO ALTERAÇÕES QUALITATIVAS NO SEU COMPORTAMENTO EM GERAL.
WALLON REALIZA UM ESTUDO QUE É CENTRADO NA CRIANÇA CONTEXTUALIZADA, ONDE O RITMO NO QUAL SE SUCEDEM AS ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO É DESCONTÍNUO, MARCADO POR RUPTURAS, RETROCESSOS E REVIRAVOLTAS, PROVOCANDO EM CADA ETAPA PROFUNDAS MUDANÇAS NAS ANTERIORES.
NESSE SENTIDO, A PASSAGEM DOS ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO NÃO SE DÁ LINEARMENTE, POR AMPLIAÇÃO, MAS POR REFORMULAÇÃO, INSTALANDO-SE NO MOMENTO DA PASSAGEM DE UMA ETAPA A OUTRA, CRISES QUE AFETAM A CONDUTA DA CRIANÇA.
CONFLITOS SE INSTALAM NESSE PROCESSO E SÃO DE ORIGEM EXÓGENA QUANDO RESULTANTES DOS DESENCONTROS ENTRE AS AÇÕES DA CRIANÇA E O AMBIENTE EXTERIOR, ESTRUTURADO PELOS ADULTOS E PELA CULTURA E ENDÓGENOS E QUANDO GERADOS PELOS EFEITOS DA MATURAÇÃO NERVOSA (GALVÃO, 1995). ESSES CONFLITOS SÃO PROPULSORES DO DESENVOLVIMENTO.
OS CINCO ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO DO SER HUMANO APRESENTADOS POR GALVÃO (1995) SUCEDEM-SE EM FASES COM PREDOMINÂNCIA AFETIVA E COGNITIVA:

IMPULSIVO-EMOCIONAL, QUE OCORRE NO PRIMEIRO ANO DE VIDA. A PREDOMINÂNCIA DA AFETIVIDADE ORIENTA AS PRIMEIRAS REAÇÕES DO BEBÊ ÀS PESSOAS, ÀS QUAIS INTERMEDIAM SUA RELAÇÃO COM O MUNDO FÍSICO;

SENSÓRIO-MOTOR E PROJETIVO, QUE VAI ATÉ OS TRÊS ANOS. A AQUISIÇÃO DA MARCHA E DA PRENSÃO, DÃO À CRIANÇA MAIOR AUTONOMIA NA MANIPULAÇÃO DE OBJETOS E NA EXPLORAÇÃO DOS ESPAÇOS. TAMBÉM, NESSE ESTÁGIO, OCORRE O DESENVOLVIMENTO DA FUNÇÃO SIMBÓLICA E DA LINGUAGEM. O TERMO PROJETIVO REFERE-SE AO FATO DA AÇÃO DO PENSAMENTO PRECISAR DOS GESTOS PARA SE EXTERIORIZAR. O ATO MENTAL "PROJETA-SE" EM ATOS MOTORES. COMO DIZ DANTAS (1992), PARA WALLON, O ATO MENTAL SE DESENVOLVE A PARTIR DO ATO MOTOR;

PERSONALISMO, OCORRE DOS TRÊS AOS SEIS ANOS. NESSE ESTÁGIO DESENVOLVE-SE A CONSTRUÇÃO DA CONSCIÊNCIA DE SI MEDIANTE AS INTERAÇÕES SOCIAIS, REORIENTANDO O INTERESSE DAS CRIANÇAS PELAS PESSOAS;

CATEGORIAL. OS PROGRESSOS INTELECTUAIS DIRIGEM O INTERESSE DA CRIANÇA PARA AS COISAS, PARA O CONHECIMENTO E CONQUISTA DO MUNDO EXTERIOR;

PREDOMINÂNCIA FUNCIONAL. OCORRE NOVA DEFINIÇÃO DOS CONTORNOS DA PERSONALIDADE, DESESTRUTURADOS DEVIDO ÀS MODIFICAÇÕES CORPORAIS RESULTANTES DA AÇÃO HORMONAL. QUESTÕES PESSOAIS, MORAIS E EXISTENCIAIS SÃO TRAZIDAS À TONA.

NA SUCESSÃO DE ESTÁGIOS HÁ UMA ALTERNÂNCIA ENTRE AS FORMAS DE ATIVIDADES E DE INTERESSES DA CRIANÇA, DENOMINADA DE "ALTERNÂNCIA FUNCIONAL", ONDE CADA FASE PREDOMINANTE (DE DOMINÂNCIA, AFETIVIDADE, COGNIÇÃO), INCORPORA AS CONQUISTAS REALIZADAS PELA OUTRA FASE, CONSTRUINDO-SE RECIPROCAMENTE, NUM PERMANENTE PROCESSO DE INTEGRAÇÃO E DIFERENCIAÇÃO.

WALLON ENFATIZA O PAPEL DA EMOÇÃO NO DESENVOLVIMENTO HUMANO, POIS, TODO O CONTATO QUE A CRIANÇA ESTABELECE COM AS PESSOAS QUE CUIDAM DELA DESDE O NASCIMENTO, SÃO FEITO DE EMOÇÕES E NÃO APENAS COGNIÇÕES.

BASEOU SUAS IDÉIAS EM QUATRO ELEMENTOS BÁSICOS QUE ESTÃO TODO O TEMPO EM COMUNICAÇÃO: AFETIVIDADE, EMOÇÕES, MOVIMENTO E FORMAÇÃO DO EU.

AFETIVIDADE- POSSUI PAPEL FUNDAMENTAL NO DESENVOLVIMENTO DA PESSOA POIS É POR MEIO DELAS QUE O SER HUMANO DEMONSTRA SEUS DESEJOS E VONTADES. AS TRANSFORMAÇÕES FISIOLÓGICAS DE UMA CRIANÇA (NAS PALAVRAS DE WALLON, EM SEU SISTEMA NEUROVEGETATIVO) REVELAM IMPORTANTES TRAÇOS DE CARÁTER E PERSONALIDADE. EMOÇÕES- É ALTAMENTE ORGÂNICA, AJUDA O SER HUMANO A SE CONHECER. A RAIVA, O MEDO, A TRISTEZA, A ALEGRIA E OS SENTIMENTOS MAIS PROFUNDOS POSSUEM UMA FUNÇÃO DE GRANDE RELEVÂNCIA NO RELACIONAMENTO DA CRIANÇA COM O MEIO.

MOVIMENTO- AS EMOÇÕES DA ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS PARA SE MOVIMENTAREM. DESTE MODO, A MOTRICIDADE TEM UM CARÁTER PEDAGÓGICO TANTO PELA QUALIDADE DO GESTO E DO MOVIMENTO, QUANTO PELA MANEIRA COM QUE ELE É REPRESENTADO. A ESCOLA AO INSISTIR EM MANTER A CRIANÇA IMOBILIZADA ACABA POR LIMITAR O FLUIR DE FATORES NECESSÁRIOS E IMPORTANTES PARA O DESENVOLVIMENTO COMPLETO DA PESSOA.

FORMAÇÃO DO EU- A CONSTRUÇÃO DO EU DEPENDE ESSENCIALMENTE DO OUTRO. COM MAIOR ÊNFASE A PARTIR DE QUANDO A CRIANÇA COMEÇA A VIVENCIAR A "CRISE DE OPOSIÇÃO", NA QUAL A NEGAÇÃO DO OUTRO FUNCIONA COMO UMA ESPÉCIE DE INSTRUMENTO DE DESCOBERTA DE SI PRÓPRIA. ISSO ACONTECE MAIS OU MENOS EM TORNO DOS 3 ANOS, QUANDO É A HORA DE SABER QUE "EU" SOU. IMITAÇÃO, MANIPULAÇÃO E SEDUÇÃO EM RELAÇÃO AO OUTRO SÃO CARACTERÍSTICAS COMUNS NESTA FASE.


WALLON, DEIXOU-NOS UMA NOVA CONCEPÇÃO DA MOTRICIDADE, DA EMOTIVIDADE, DA INTELIGÊNCIA HUMANA E, SOBRETUDO, UMA MANEIRA ORIGINAL DE PENSAR A PSICOLOGIA INFANTIL E REFORMULAR OS SEUS PROBLEMAS.

PSICOGÊNESE DA PESSOA COMPLETA
WALLON PROCURA EXPLICAR OS FUNDAMENTOS DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA, SEUS ASPECTOS EPISTEMOLÓGICOS, OBJETIVOS E METODOLÓGICOS.
ADMITE O ORGANISMO COMO CONDIÇÃO PRIMEIRA DO PENSAMENTO, POIS TODA A FUNÇÃO PSÍQUICA SUPÕE UM COMPONENTE ORGÂNICO. NO ENTANTO, CONSIDERA QUE NÃO É CONDIÇÃO SUFICIENTE, POIS O OBJETO DE AÇÃO MENTAL VEM DO AMBIENTE NO QUAL O SUJEITO ESTÁ INSERIDO, OU SEJA, DE FORA. CONSIDERA QUE O HOMEM É DETERMINADO FISIOLÓGICA E SOCIALMENTE, SUJEITO ÀS DISPOSIÇÕES INTERNAS E ÀS SITUAÇÕES EXTERIORES.
PSICOLOGIA GENÉTICA

A PSICOLOGIA GENÉTICA ESTUDA OS PROCESSOS PSÍQUICOS EM SUA ORIGEM, PARTE DA ANÁLISE DOS PROCESSOS PRIMEIROS E MAIS SIMPLES, PELOS QUAIS CRONOLOGICAMENTE PASSA O SUJEITO. PARA WALLON ESSA É A ÚNICA FORMA DE NÃO DISSOLVER EM ELEMENTOS SEPARADOS E ABSTRATOS A TOTALIDADE DA VIDA PSÍQUICA.
WALLON PROPÕE A PSICOGÊNESE DA PESSOA COMPLETA, OU SEJA, O ESTUDO INTEGRADO DO DESENVOLVIMENTO.
CONSIDERA QUE NÃO É POSSÍVEL SELECIONAR UM ÚNICO ASPECTO DO SER HUMANO E VÊ O DESENVOLVIMENTO NOS VÁRIOS CAMPOS FUNCIONAIS NOS QUAIS SE DISTRIBUI A ATIVIDADE INFANTIL (AFETIVO, MOTOR E COGNITIVO).
PARA ELE O ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO DEVE CONSIDERAR O SUJEITO COMO “GENETICAMENTE SOCIAL” E ESTUDAR A CRIANÇA CONTEXTUALIZADA, NAS RELAÇÕES COM O MEIO. WALLON RECORREU A OUTROS CAMPOS DE CONHECIMENTO PARA APROFUNDAR A EXPLICAÇÃO DO FATORES DE DESENVOLVIMENTO (NEUROLOGIA, PSICOPATOLOGIA, ANTROPOLOGIA, PSICOLOGIA ANIMAL).
PARA ELE A ATIVIDADE DO HOMEM É INCONCEBÍVEL SEM O MEIO SOCIAL; PORÉM AS SOCIEDADES NÃO PODERIAM EXISTIR SEM INDIVÍDUOS QUE POSSUAM APTIDÕES COMO A DA LINGUAGEM QUE PRESSUPÕE UMA CONFORMAÇÃO DETERMINADA DO CÉREBRO, HAJA VISTA QUE CERTAS PERTURBAÇÕES DE SUA INTEGRIDADE, PRIVAM O INDIVÍDUO DA PALAVRA. VEMOS ENTÃO QUE PARA ELE NÃO É POSSÍVEL DISSOCIAR O BIOLÓGICO DO SOCIAL NO HOMEM. ESTA É UMA DAS CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DA SUA TEORIA DO DESENVOLVIMENTO.
DE ACORDO COM DANTAS (1992) WALLON CONCEBE O HOMEM COMO SENDO GENÉTICA E ORGANICAMENTE SOCIAL E A SUA EXISTÊNCIA SE REALIZA ENTRE AS EXIGÊNCIAS DA SOCIEDADE E AS DO ORGANISMO.

PEDAGOGICAMENTE A REFLEXÃO A PARTIR DE TAIS CONCEPÇÕES EXIGE UMA PRÁTICA QUE ATENDA AS NECESSIDADES DAS CRIANÇAS NOS PLANOS AFETIVO, COGNITIVO E MOTOR, ALÉM DE PROMOVER O SEU DESENVOLVIMENTO EM TODOS OS NÍVEIS.

O MAIOR OBJETIVO DA EDUCAÇÃO NO CONTEXTO DE SUA PSICOLOGIA GENÉTICA ESTARIA POSTO NO DESENVOLVIMENTO DA PESSOA E NÃO EM SEU DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL. A INTELIGÊNCIA É UMA PARTE DO TODO EM QUE A PESSOA SE CONSTITUI.


A ABORDAGEM DE PAULO FREIRE

PARA PAULO FREIRE, VIVEMOS EM UMA SOCIEDADE DIVIDIDA EM CLASSES, SENDO QUE OS PRIVILÉGIOS DE UNS, IMPEDEM QUE A MAIORIA, USUFRUA DOS BENS PRODUZIDOS E, COLOCA COMO UM DESSES BENS PRODUZIDOS E NECESSÁRIOS PARA CONCRETIZAR O VOCAÇÃO HUMANA DE SER MAIS, A EDUCAÇÃO, DA QUAL É EXCLUÍDA GRANDE PARTE DA POPULAÇÃO DO TERCEIRO MUNDO. REFERE-SE ENTÃO A DOIS TIPOS DE PEDAGOGIA: A PEDAGOGIA DOS DOMINANTES, ONDE A EDUCAÇÃO EXISTE COMO PRÁTICA DA DOMINAÇÃO, E A PEDAGOGIA DO OPRIMIDO, QUE PRECISA SER REALIZADA, NA QUAL A EDUCAÇÃO SURGIRIA COMO PRÁTICA DA LIBERDADE.
O MOVIMENTO PARA A LIBERDADE, DEVE SURGIR E PARTIR DOS PRÓPRIOS OPRIMIDOS, E A PEDAGOGIA DECORRENTE SERÁ " AQUELA QUE TEM QUE SER FORJADA COM ELE E NÃO PARA ELE, ENQUANTO HOMENS OU POVOS, NA LUTA INCESSANTE DE RECUPERAÇÃO DE SUA HUMANIDADE". VÊ-SE QUE NÃO É SUFICIENTE QUE O OPRIMIDO TENHA CONSCIÊNCIA CRÍTICA DA OPRESSÃO, MAS, QUE SE DISPONHA A TRANSFORMAR ESSA REALIDADE; TRATA-SE DE UM TRABALHO DE CONSCIENTIZAÇÃO E POLITIZAÇÃO.
A PEDAGOGIA DO DOMINANTE É FUNDAMENTADA EM UMA CONCEPÇÃO BANCÁRIA DE EDUCAÇÃO, (PREDOMINA O DISCURSO E A PRÁTICA, NA QUAL, QUEM É O SUJEITO DA EDUCAÇÃO É O EDUCADOR, SENDO OS EDUCANDOS, COMO VASILHAS A SEREM ENCHIDAS; O EDUCADOR DEPOSITA "COMUNICADOS" QUE ESTES, RECEBEM, MEMORIZAM E REPETEM), DA QUAL DERIVA UMA PRÁTICA TOTALMENTE VERBALISTA, DIRIGIDA PARA A TRANSMISSÃO E AVALIAÇÃO DE CONHECIMENTOS ABSTRATOS, NUMA RELAÇÃO VERTICAL, O SABER É DADO, FORNECIDO DE CIMA PARA BAIXO, E AUTORITÁRIA, POIS MANDA QUEM SABE.
DESSA MANEIRA, O EDUCANDO EM SUA PASSIVIDADE, TORNA-SE UM OBJETO PARA RECEBER PATERNALISTICAMENTE A DOAÇÃO DO SABER DO EDUCADOR, SUJEITO ÚNICO DE TODO O PROCESSO. ESSE TIPO DE EDUCAÇÃO PRESSUPÕE UM MUNDO HARMONIOSO, NO QUAL NÃO HÁ CONTRADIÇÕES, DAÍ A CONSERVAÇÃO DA INGENUIDADE DO OPRIMIDO, QUE COMO TAL SE ACOSTUMA E ACOMODA NO MUNDO CONHECIDO (O MUNDO DA OPRESSÃO)- -E EIS AÍ, A EDUCAÇÃO EXERCIDA COMO UMA PRÁTICA DA DOMINAÇÃO.

O Educar para Paulo Freire

Educar é construir, é libertar o homem do determinismo, passando a reconhecer o papel da História e onde a questão da identidade cultural, tanto em sua dimensão individual, como em relação à classe dos educandos, é essencial à prática pedagógica proposta. Sem respeitar essa identidade, sem autonomia, sem levar em conta as experiências vividas pelos educandos antes de chegar à escola, o processo será inoperante, somente meras palavras despidas de significação real.A educação é ideológica, mas dialogante, pois só assim pode se estabelecer a verdadeira comunicação da aprendizagem entre seres constituídos de almas, desejos e sentimentos.
A concepção de educação de Paulo Freire percebe o homem como um ser autônomo
Esta autonomia está presente na definição de vocação ontológica de ‘ser mais’ que está associada com a capacidade de transformar o mundo. É exatamente aí que o homem se diferencia do animal. Por viver num presente indiferenciado e por não perceber-se como um ser unitário distinto do mundo, o animal não tem história. A educação problematizadora responde à essência do ser e da sua consciência, que é a intencionalidade.A intencionalidade está na capacidade de admirar o mundo, ao mesmo tempo desprendendo-se dele, nele estando, que desmistifica, problematiza e critica a realidade admirada, gerando a percepção daquilo que é inédito e viável. Resulta em uma percepção que elimina posturas fatalistas que apresentam a realidade dotada de uma determinação imutável.Por acreditar que o mundo é passível de transformação a consciência crítica liga-se ao mundo da cultura e não da natureza. O educando deve primeiro descobrir-se como um construtor desse mundo da cultura. Essa concepção distingue natureza de cultura, entendendo a cultura como o acrescentamento que o homem faz ao mundo, ou como o resultado do seu trabalho, do seu esforço criador. Essa descoberta é a responsável pelo resgate da sua auto-estima, pois, tanto é cultura a obra de um grande escultor, quanto o tijolo feito pelo oleiro.Procura-se superar a dicotomia entre teoria e prática, pois durante o processo, quando o homem descobre que sua prática supõe um saber, conclui que conhecer é interferir na realidade, percebe-se como um sujeito da história.Para ele "não se pode separar a prática da teoria, autoridade de liberdade, ignorância de saber, respeito ao professor de respeito aos alunos, ensinar de aprender".

Vygotsky

Lev S. Vygotsky (1896-1934) , professor e pesquisador foi contemporâneo de Piaget, e nasceu em Orsha, pequena cidade da Bielorrusia em 17 de novembro de 1896, viveu na Rússia, quando morreu, de tuberculose, tinha 37 anos.
Construiu sua teoria tendo por base o desenvolvimento do indivíduo como resultado de um processo sócio-histórico, enfatizando o papel da linguagem e da aprendizagem nesse desenvolvimento, sendo essa teoria considerada histórico-social. Sua questão central é a aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio.
As concepções de Vygotsky sobre o processo de formação de conceitos remetem às relações entre pensamento e linguagem, à questão cultural no processo de construção de significados pelos indivíduos, ao processo de internalização e ao papel da escola na transmissão de conhecimento, que é de natureza diferente daqueles aprendidos na vida cotidiana. Propõe uma visão de formação das funções psíquicas superiores como internalização mediada pela cultura.
As concepções de Vygotsky sobre o funcionamento do cérebro humano, colocam que o cérebro é a base biológica, e suas peculiaridades definem limites e possibilidades para o desenvolvimento humano. Essas concepções fundamentam sua idéia de que as funções psicológicas superiores (por ex. linguagem, memória) são construídas ao longo da história social do homem, em sua relação com o mundo. Desse modo, as funções psicológicas superiores referem-se a processos voluntários, ações conscientes, mecanismos intencionais e dependem de processos de aprendizagem.
Mediação: uma idéia central para a compreensão de suas concepções sobre o desenvolvimento humano como processo sócio-histórico é a idéia de mediação: enquanto sujeito do conhecimento o homem não tem acesso direto aos objetos, mas acesso mediado, através de recortes do real, operados pelos sistemas simbólicos de que dispõe, portanto enfatiza a construção do conhecimento como uma interação mediada por várias relações, ou seja, o conhecimento não está sendo visto como uma ação do sujeito sobre a realidade, assim como no construtivismo e sim, pela mediação feita por outros sujeitos. O outro social, pode apresentar-se por meio de objetos, da organização do ambiente, do mundo cultural que rodeia o indivíduo.
A linguagem, sistema simbólico dos grupos humanos, representa um salto qualitativo na evolução da espécie. É ela que fornece os conceitos, as formas de organização do real, a mediação entre o sujeito e o objeto do conhecimento. É por meio dela que as funções mentais superiores são socialmente formadas e culturalmente transmitidas, portanto, sociedades e culturas diferentes produzem estruturas diferenciadas.
A cultura fornece ao indivíduo os sistemas simbólicos de representação da realidade, ou seja, o universo de significações que permite construir a interpretação do mundo real. Ela dá o local de negociações no qual seus membros estão em constante processo de recriação e reinterpretação de informações, conceitos e significações.
O processo de internalização é fundamental para o desenvolvimento do funcionamento psicológico humano. A internalização envolve uma atividade externa que deve ser modificada para tornar-se uma atividade interna, é interpessoal e se torna intrapessoal.
Usa o termo função mental para referir-se aos processos de: pensamento, memória, percepção e atenção. Coloca que o pensamento tem origem na motivação, interesse, necessidade, impulso, afeto e emoção.
A interação social e o instrumento lingüístico são decisivos para o desenvolvimento.
Existem, pelo menos dois níveis de desenvolvimento identificados por Vygotsky: um real, já adquirido ou formado, que determina o que a criança já é capaz de fazer por si própria, e um potencial, ou seja, a capacidade de aprender com outra pessoa.
A aprendizagem interage com o desenvolvimento, produzindo abertura nas zonas de desenvolvimento proximal ( distância entre aquilo que a criança faz sozinha e o que ela é capaz de fazer com a intervenção de um adulto; potencialidade para aprender, que não é a mesma para todas as pessoas; ou seja, distância entre o nível de desenvolvimento real e o potencial ) nas quais as interações sociais são centrais, estando então, ambos os processos, aprendizagem e desenvolvimento, inter-relacionados; assim, um conceito que se pretenda trabalhar, como por exemplo, em matemática, requer sempre um grau de experiência anterior para a criança.
O desenvolvimento cognitivo é produzido pelo processo de internalização da interação social com materiais fornecidos pela cultura, sendo que o processo se constrói de fora para dentro. Para Vygotsky, a atividade do sujeito refere-se ao domínio dos instrumentos de mediação, inclusive sua transformação por uma atividade mental.
Para ele, o sujeito não é apenas ativo, mas interativo, porque forma conhecimentos e se constitui a partir de relações intra e interpessoais.
É na troca com outros sujeitos e consigo próprio que se vão internalizando conhecimentos, papéis e funções sociais, o que permite a formação de conhecimentos e da própria consciência. Trata-se de um processo que caminha do plano social - relações interpessoais - para o plano individual interno - relações intra-pessoais.
Assim, a escola é o lugar onde a intervenção pedagógica intencional desencadeia o processo ensino-aprendizagem.
O professor tem o papel explícito de interferir no processo, diferentemente de situações informais nas quais a criança aprende por imersão em um ambiente cultural. Portanto, é papel do docente provocar avanços nos alunos e isso se torna possível com sua interferência na zona proximal.
Vemos ainda como fator relevante para a educação, decorrente das interpretações das teorias de Vygotsky, a importância da atuação dos outros membros do grupo social na mediação entre a cultura e o indivíduo, pois uma intervenção deliberada desses membros da cultura, nessa perspectiva, é essencial no processo de desenvolvimento. Isso nos mostra os processos pedagógicos como intencionais, deliberados, sendo o objeto dessa intervenção : a construção de conceitos.
O aluno não é tão somente o sujeito da aprendizagem, mas, aquele que aprende junto ao outro o que o seu grupo social produz, tal como: valores, linguagem e o próprio conhecimento.
A formação de conceitos espontâneos ou cotidianos desenvolvidos no decorrer das interações sociais, diferenciam-se dos conceitos científicos adquiridos pelo ensino, parte de um sistema organizado de conhecimentos.

A aprendizagem é fundamental ao desenvolvimento dos processos internos na interação com outras pessoas.
Ao observar a zona proximal, o educador pode orientar o aprendizado no sentido de adiantar o desenvolvimento potencial de uma criança, tornando-o real. Nesse ínterim, o ensino deve passar do grupo para o indivíduo. Em outras palavras, o ambiente influenciaria a internalização das atividades cognitivas no indivíduo, de modo que, o aprendizado gere o desenvolvimento. Portanto, o desenvolvimento mental só pode realizar-se por intermédio do aprendizado.


PIAGET

Pensamento predominante à época Até o início do século XX assumia-se que as crianças pensavam e raciocinavam da mesma maneira que os adultos. A crença da maior parte das sociedades era a de que qualquer diferença entre os processos cognitivos entre crianças e adultos era sobretudo de grau: os adultos eram superiores mentalmente, do mesmo modo que eram fisicamente maiores, mas os processos cognitivos básicos eram os mesmos ao longo da vida.

Piaget, a partir da observação cuidadosa de seus próprios filhos e de muitas outras crianças, concluiu que em muitas questões cruciais as crianças não pensam como os adultos. Por ainda lhes faltarem certas habilidades, a maneira de pensar é diferente, não somente em grau, como em classe.

A teoria de Piaget do desenvolvimento cognitivo é uma teoria de etapas, uma teoria que pressupõe que os seres humanos passam por uma série de mudanças ordenadas e previsíveis.

Pressupostos básicos de sua teoria:
o interacionismo, a idéia de construtivismo seqüencial e os fatores que interferem no desenvolvimento.

A criança é concebida como um ser dinâmico, que a todo momento interage com a realidade, operando ativamente com objetos e pessoas.
Essa interação com o ambiente faz com que construa estrutura mentais e adquira maneiras de fazê-las funcionar. O eixo central, portanto, é a interação organismo-meio e essa interação acontece através de dois processos simultâneos: a organização interna e a adaptação ao meio, funções exercidas pelo organismo ao longo da vida.
A adaptação, definida por Piaget, como o próprio desenvolvimento da inteligência, ocorre através da assimilação e acomodação. Os esquemas de assimilação vão se modificando, configurando os estágios de desenvolvimento.
Considera, ainda, que o processo de desenvolvimento é influenciado por fatores como: maturação (crescimento biológico dos órgãos), exercitação (funcionamento dos esquemas e órgãos que implica na formação de hábitos), aprendizagem social (aquisição de valores, linguagem, costumes e padrões culturais e sociais) e equilibração (processo de auto regulação interna do organismo, que se constitui na busca sucessiva de reequilíbrio após cada desequilíbrio sofrido).
A educação na visão Piagetiana: com base nesses pressupostos, a educação deve possibilitar à criança um desenvolvimento amplo e dinâmico desde o período sensório- motor até o operatório abstrato.
A escola deve partir ( ver: Piaget na Escola de Educação Infantil) dos esquemas de assimilação da criança, propondo atividades desafiadoras que provoquem desequilíbrios e reequilibrações sucessivas, promovendo a descoberta e a construção do conhecimento.
Para construir esse conhecimento, as concepções infantis combinam-se às informações advindas do meio, na medida em que o conhecimento não é concebido apenas como sendo descoberto espontaneamente pela criança, nem transmitido de forma mecânica pelo meio exterior ou pelos adultos, mas, como resultado de uma interação, na qual o sujeito é sempre um elemento ativo, que procura ativamente compreender o mundo que o cerca, e que busca resolver as interrogações que esse mundo provoca.
É aquele que aprende basicamente através de suas próprias ações sobre os objetos do mundo, e que constrói suas próprias categorias de pensamento ao mesmo tempo que organiza seu mundo. Não é um sujeito que espera que alguém que possui um conhecimento o transmita a ele por um ato de bondade.
Vamos esclarecer um pouco mais para você: quando se fala em sujeito ativo, não estamos falando de alguém que faz muitas coisas, nem ao menos de alguém que tem uma atividade observável.
O sujeito ativo de que falamos é aquele que compara, exclui, ordena, categoriza, classifica, reformula, comprova, formula hipóteses, etc... em uma ação interiorizada (pensamento) ou em ação efetiva (segundo seu grau de desenvolvimento). Alguém que esteja realizando algo materialmente, porém seguindo um modelo dado por outro, para ser copiado, não é habitualmente um sujeito intelectualmente ativo.

Principais objetivos da educação: formação de homens "criativos, inventivos e descobridores", de pessoas críticas e ativas, e na busca constante da construção da autonomia.

Devemos lembrar que Piaget não propõe um método de ensino, mas, ao contrário, elabora uma teoria do conhecimento e desenvolve muitas investigações cujos resultados são utilizados por psicólogos e pedagogos.
Desse modo, suas pesquisas recebem diversas interpretações que se concretizam em propostas didáticas também diversas.

EMILIA FERREIRO

Falar de alfabetização, sem abordar pelo menos alguns aspectos da obra de Emilia Ferreiro, é praticamente impossível.Ela não criou um método de alfabetização, como ouvimos muitas escolas erroneamente apregoarem, e sim, procurou observar como se realiza a construção da linguagem escrita na criança. Os resultados de suas pesquisas permitem, isso sim, que conhecendo a maneira com que a criança concebe o processo de escrita, as teorias pedagógicas e metodológicas, nos apontem caminhos, a fim os erros mais freqüentes daqueles que alfabetizam possam ser evitados, desmistificando certos mitos vigentes em nossas escolas.
Aqueles que são, ou foram alfabetizadores, com certeza, já se depararam com certos professores que logo ao primeiro mês de aula estão dizendo, a respeito de alguns alunos: não tem prontidão para aprender, tem problemas familiares, é muito fraca da cabeça, não fez uma boa pré-escola, não tem maturidade para aprender e tantos outros comentários assemelhados. Outras vezes, culpam-se os próprios educadores, os métodos ou o material didático. Com seus estudos, Ferreiro desloca a questão para outro campo: " Qual a natureza da relação entre o real e sua representação? " As respostas encontradas a esse questionamento levam, pode-se dizer, a uma revolução conceitual da alfabetização.A escrita da criança não resulta de simples cópia de um modelo externo, mas é um processo de construção pessoal. Emilia Ferreiro percebe que de fato, as crianças reinventam a escrita, no sentido de que inicialmente precisam compreender seu processo de construção e suas normas de produção.
" Ler não é decifrar, escrever não é copiar".
Muito antes de iniciar o processo formal de aprendizagem da leitura/escrita, as crianças constroem hipóteses sobre este objeto de conhecimento.Segundo Emília Ferreiro e Ana Teberowsky (pedagoga de Barcelona), pesquisadoras reconhecidas internacionalmente por seus trabalhos sobre alfabetização, a grande maioria das crianças, na faixa dos seis anos, faz corretamente a distinção entre texto e desenho, sabendo que o que se pode ler é aquilo que contém letras, embora algumas ainda persistam na hipótese de que tanto se pode ler as letras quanto os desenhos. É bastante significativo que estas crianças pertençam às classes sociais mais pobres que por isso acabam tendo um menor contato com material escrito.
O processo de construção da escrita por EMILIA FERREIRO
Na fase 1, início dessa construção, as tentativas das crianças dão-se no sentido da reprodução dos traços básicos da escrita com que elas se deparam no cotidiano. O que vale é a intenção, pois, embora o traçado seja semelhante, cada um "lê" em seus rabiscos aquilo que quis escrever. Desta maneira, cada um só pode interpretar a sua própria escrita, e não a dos outros. Nesta fase, a criança elabora a hipótese de que a escrita dos nomes é proporcional ao tamanho do objeto ou ser a que está se referindo.

Na fase 2, a hipótese central é de que para ler coisas diferentes é preciso usar formas diferentes. A criança procura combinar de várias maneiras as poucas formas de letras que é capaz de reproduzir.Nesta fase, ao tentar escrever, a criança respeita duas exigências básicas: a quantidade de letras (nunca inferior a três) e a variedade entre elas, (não podem ser repetidas).

Na fase 3, são feitas tentativas de dar um valor sonoro a cada uma das letras que compõem a palavra. Surge a chamada hipótese silábica, isto é, cada grafia traçada corresponde a uma sílaba pronunciada, podendo ser usadas letras ou outro tipo de grafia. Há, neste momento, um conflito entre a hipótese silábica e a quantidade mínima de letras exigida para que a escrita possa ser lida.A criança, neste nível, trabalhando com a hipótese silábica, precisa usar duas formas gráficas para escrever palavras com duas sílabas, o que vai de encontro às suas idéias iniciais de que são necessários, pelo menos três caracteres. Este conflito a faz caminhar para outra fase.

Na fase 4 ocorre, então a transição da hipótese silábica para a alfabética. O conflito que se estabeleceu - entre uma exigência interna da própria criança ( o número mínimo de grafias ) e a realidade das formas que o meio lhe oferece, faz com que ela procure soluções.Ela, então, começa a perceber que escrever é representar progressivamente as partes sonoras das palavras, ainda que não o faça corretamente.

Na fase 5, finalmente, é atingido o estágio da escrita alfabética, pela compreensão de que a cada um dos caracteres da escrita corresponde valores menores que a sílaba, e que uma palavra, se tiver duas sílabas, exigindo, portanto, dois movimentos para ser pronunciada, necessitará mais do que duas letras para ser escrita e a existência de uma regra produtiva que lhes permite, a partir desses elementos simples, formar a representação de inúmeras sílabas, mesmo aquelas sobre as quais não se tenham exercitado.


Celestin Freinet

Celestin Freinet (1896-1966), crítico da escola tradicional e das escolas novas, Freinet foi criador, na França, do movimento da escola moderna. Seu objetivo básico era desenvolver uma escola popular. Na sua concepção, a sociedade é plena de contradições que refletem os interesses antagônicos das classes sociais que nela existem, sendo que tais contradições penetram em todos os aspectos da vida social, inclusive na escola. Para ele, a relação direta do homem com o mundo físico e social é feita através do trabalho (atividade coletiva) e liberdade é aquilo que decidimos em conjunto. Em suas concepções educacionais dirige pesadas críticas à escola tradicional, que considera inimiga do "tatear experimental", fechada, contrária à descoberta, ao interesse e ao prazer da criança. Analisou de forma crítica o autoritarismo da escola tradicional, expresso nas regras rígidas da organização do trabalho, no conteúdo determinado de forma arbitrária, compartimentados e defasados em relação à realidade social e ao progresso das ciências.
Era contra o autoritarismo sob qualquer aspecto, sendo contrário à avaliação quantitativa e à imposição de castigos e sanções. Isso não significa que, de acordo com a corrente pedagógica que criou, não deva haver ordem e disciplina em sala de aula. Ao contrário, o respeito mútuo entre professor e aluno é fundamental. Mas, critica também as propostas da Escola Nova, particularmente Decroly e Montessori, questionando seus métodos, pela definição de materiais, locais e condições especiais para a realização do trabalho pedagógico. Para Freinet as mudanças necessárias e profundas na educação deveriam ser feitas pela base, ou seja, pelos próprios professores. O movimento pedagógico fundado por ele caracteriza-se por sua dimensão social, evidenciada pela defesa de uma escola centrada na criança, que é vista não como um indivíduo isolado, mas, fazendo parte de uma comunidade. Atribui grande ênfase ao trabalho: as atividades manuais tem tanta importância quanto as intelectuais, a disciplina e a autoridade resultam do trabalho organizado. Questiona as tarefas escolares(repetitivas e enfadonhas) opostas aos jogos(atividades lúdicas, recreio), apontando como essa dualidade presente na escola, reproduz a dicotomia trabalho/prazer, gerada pela sociedade capitalista industrial. A escola por ele concebida, é vista como elemento ativo de mudança social e é também popular por não marginalizar as crianças das classes menos favorecidas. Propõe o trabalho/jogo como atividade fundamental. Freinet elabora toda uma pedagogia, com técnicas construídas com base na experimentação e documentação, que dão à criança instrumentos para aprofundar seu conhecimento e desenvolver sua ação. "O desejo de conhecer mais e melhor nasceria de uma situação de trabalho concreta e problematizadora. O trabalho de que trata aí não se limita ao manual, pois o trabalho é um todo, como o homem é um todo. Embora adaptado à criança, o trabalho deve ser uma atividade verdadeira e não um trabalho para brincar, assim como a organização escolar não deve ser uma caricatura da sociedade" Dá grande importância à participação e integração entre famílias/comunidade e escola, defendendo o ponto de vista de que "se se respeita a palavra da criança, necessariamente há mudanças". Algumas técnicas da pedagogia de Freinet: o desenho livre, o texto livre, as aulas-passeio, a correspondência interescolar, o jornal, o livro da vida (diário e coletivo), o dicionário dos pequenos, o caderno circular para os professores, etc. Essas técnicas têm como objetivo favorecer o desenvolvimento dos métodos naturais da linguagem (desenho, escrita, gramática), da matemática, das ciências naturais e das ciências sociais. Porém, essas técnicas não são um fim em si mesmas, e sim, momentos de um processo de aprendizagem, que ao partir dos interesses mais profundos da criança, propicia as condições para o estabelecimento da apropriação do conhecimento. Vemos que Freinet considera a aquisição do conhecimento como fundamental, mas, essa aquisição deve ser garantida de forma significativa. Sua proposta pedagógica mesclada entre teoria e prática, advém das suas observações das crianças, das práticas de trabalhos que realizou com elas, das reflexões teóricas elaboradas tendo como ponto de partida essa prática, que é constantemente recolocada em prática em diversas situações escolares.
Em sua proposta os instrumentos e os meios são importantes para propiciar participação e interesse, são mediadores para liberar e despertar o interesse para o trabalho. A experiência é a possibilidade para que a criança chegue ao conhecimento. Assim, criação, trabalho e experiência, por sua ação conjunta resultam em aprendizagem.
Freinet concebe a educação como um processo dinâmico que se modifica com o tempo e que está determinada pelas condições sociais. Desta maneira. é preciso, transformar a escola para adaptá-la à vida, para readaptá-la ao meio. Esta tarefa estaria nas mãos do professor, que obtém sucesso quando toma consciência de que a educação é uma necessidade, uma realidade.
Ele acredita no poder transformador da educação. Por isso propõe uma pedagogia de busca e experiências que eduque profundamente. Proporciona à criança um papel ativo de acordo com seus interesses. O trabalho é algo que deve ser valorizado e praticado cotidianamente. A educação é uma preparação para a vida social e aí está uma das razões de advogar o trabalho cooperativo como via para transformar a sociedade e a natureza e a sociedade são os objetivos e também os conteúdos do ensino.
Podemos afirmar que Freinet é um dos pedagogos contemporâneos que mais contribuições oferece àqueles que atualmente estão preocupados com a construção de uma escola ativa, dinâmica, historicamente inserida em um contexto social e cultural. Logicamente em termos de nossa realidade atual, podemos levantar questionamentos a algumas de suas concepções, tais como: uma visão otimista demais do poder de transformação exercido pela escola, a identificação da dimensão social aos fatores de classe, deixando de fora os aspectos discriminativos relativos a questões de cor e sexo, da proposta do professor ser o "escriba" dos alunos, quando as investigações mais atuais da psicolingüística nos levam para outra direção.

REFERENCIA:

CENTRO DE REFERENCIA EDUCACIONAL / CLUBE DO PROFESSOR

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